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COMO E PARA QUE NOS EDUCAMOS?






Quando vivemos em uma sociedade onde a morte de alguns corpos, mais precisamente corpos pretos e pobres, são vistos e ainda assim ganham legitimação, pois acreditam que a eliminação de suas vidas garante a segurança e saúde de outros corpos, uma educação para formar cidadãos críticos torna-se urgente. Ao educarmos, indo além de uma escolarização, passamos a enxergar sistemas e conceitos de aprisionamento da vida como, por exemplo, a necropolítica (a política da morte). Uma educação política impede que conceitos tão cruéis ganhem força, passem despercebidos e sejam fomentados por ações diárias de alienamento. Quando não reconhecemos raça, gênero e classe como os três eixos de construção da sociedade em que vivemos, como base para cada aspecto de nossas vidas, impedimos uma reflexão sobre nossas condutas. Não reconhecendo a nossa sociedade como patriarcal, capitalista e racista consequentemente não pensamos na relação simbiótica dessas violências e a luta contra tais opressões sufoca-se no silêncio; na inexistência de ações e na ausência de incômodo que é reforçada pela falta de conhecimento.


Ao deixar de educar-se, procurando saber apenas o que o Estado lhe oferece como sabedoria, parando e contentando-se com materiais escolares que são de grande importância, mas refletem em muitas ocasiões apenas um lado da história — o lado do colonizador — outras vivências, outros protagonismos, são esquecidos e a educação que carregam apagadas.


Ou seja, uma parte da história se perde. Sendo assim, como podemos falar que conhecemos de fato as histórias que são contadas?


Conforme Gomes (2017) dialoga, é na busca de resistência contra as opressões que estruturam a sociedade, sendo ela a base de todos os movimentos sociais, em que o combate tem enlace com a educação como ponto chave para reflexão dos contextos de sociedade, que alcançamos uma reeducação; passamos a fazer parte de um ator coletivo/político. Não apenas de forma intelectual, mas através de práticas como, por exemplo, as pedagógicas. Ainda assim, a libertação de uma sociedade não acontece antes da libertação de mentes, pois “a política não se situa no pólo oposto ao de nossa vida. Desejemos ou não, ela permeia nossa existência, insinuando-se nos espaços mais íntimos” (DAVIS, 1989). Quando libertamos nossas mentes para viverem em conjunto, resolvendo pendências sem a necessidade de envolvimento do Estado, desfrutamos de uma verdadeira solidariedade ao deixar de ver uma pessoa como Outro e, como Angela Davis (2018) enfatiza em “A liberdade é uma luta constante”, para viver em liberdade precisamos de atos extraordinários e para a união de nossas almas devemos ir às últimas consequências sendo a educação, o acordar, o nosso primeiro passo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador. Saberes construídos na luta pela emancipação. Petrópolis, RJ: vozes, 2017.


DAVIS, A. (2016). “A liberdade é uma luta constante”. Organização de Frank Barat e tradução de Heci Regina Candiani. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2018.


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