Desde 1500, quando iniciou a colonização no Brasil, a fração violentamente dominada da sociedade vive a mercê do poder ditatorial, articulado pela necropolítica, que alicerçado ao biopoder e suas tecnologias detêm o poder de alienação coletiva granjeando a legitimação de suas ações, empregando valor aos corpos e naturalizado amplamente nas estruturas sociais, esta classificação.
“E se certas construções parecem constitutivas, quer dizer, se têm esse caráter de ser aquilo “sem o qual” não poderíamos sequer pensar, podemos sugerir que os corpos somente surgem, somente perduram, somente vivem dentro das limitações produtivas de certos esquemas reguladores generizados em alto grau” (Butler 2015, pg.15)
Neste sentido, aferindo com base da perspectiva “corpo”, é imprescindível refletir sobre quais papéis sociais e espaços são predestinados à classe extrínseca ao modelo patriarcal, burguês; camada social esta, que é detentora de posições privilegiadas.
Hodiernamente, o grupo de minorias é constituído respaldado em caracterizantes opostos ao que é condecorado pela necropolítica, englobando questões de gênero, etnia, cultura e “imperfeições físicas” (pessoas com deficiência), vivendo as margens da sociedade.
Como consequência desta estruturação, lamentavelmente o Brasil é um país racista, machista, intolerante e preconceituoso, por mérito ocupa posições de destaque com relação a violação destes corpos
• Pelo décimo ano consecutivo (2020), ocupa a posição de liderança no ranking de assassinatos contra pessoas LGBTQI+.
• Assume a quinta colocação na lista mundial de feminicídios.
• Para além de ter o racismo lacerado em todos os seguimentos sociais, 75,5% dos homicídios no país são de pessoas negras.
• Possuí estruturas físicas homogêneas, excluindo pessoas com deficiência dos ambientes coletivos.
Sobrevivendo à todas estas classificações, meramente por suas existências, já são um símbolo de revolução e resistência, e através da insurreição de movimentos sociais sempre se fundamentam como pauta de reivindicação a reestruturação educacional, afim de receberem das instituições escolares, uma formação emancipadora, igualitária e democrática, sem distinções subjetivas, para rompimento deste sistema desigual.
“Essa atitude diz respeito à preocupação em vincular o trabalho que se faz na sala de aula com a vida que os alunos levam fora da escola e com as diferentes capacidades, motivações, formas de aprendizagem de cada um. A diversidade cultural diz respeito, basicamente, à realidade concreta da diferença entre as pessoas. É levar em conta as experiências do cotidiano que os alunos têm na condição de brancos, negros, homens, mulheres, homossexuais, trabalhadores, pobres, remediados, e que não é possível atuar com todos os alunos da mesma maneira. Trata-se de reconhecer que os resultados escolares dos alunos dependem da origem social, da situação pessoal e familiar, da relação com os professores, tanto ou mais ainda do que a inteligência.” (Libâneo 1998, pg.18)
Nossa sociedade atual reproduz desigualdades em todos os âmbitos institucionais, vitimizando pessoas em situações de minoria, de acordo com Libâneo (1998) “Atender à diversidade cultural implica, pois, reduzir a defasagem entre o mundo vivido do professor e o mundo vivido dos alunos, bem como promover, efetivamente, a igualdade de condições e oportunidades de escolarização a todos.”(pg.19) é imprescindível, por isso é essencial que o professor reconheça o papel assumido por essas pessoas na sociedade, e trabalhe de forma igualitária e democrática. Sem essa atuação do docente, fica propício de ocorrer no processo educativo, a exclusão de determinado grupo dentro do próprio ambiente escolar.
O grupo de pesquisa Laroyê publica textos selecionados, oriundos dos trabalhos das disciplinas ministradas pela Profa. Ellen Souza, na UNIFESP, com a autorização dos discentes. Outras publicações possíveis são as dos membros do Grupo de Pesquisa Laroyê e/ou parceiros. Assim sendo, no momento, o blog/site não está aberto para publicações outras, devido à estrutura atual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BUTLER, Judith. Corpos que importam. Sapare Aude: BODIES THAT MATTER, Belo Horizonte, v. 6, n. 11, p. 12-16, 2015
PIAGET, J. Jan Amos COMÊNIO. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Coleção Educadores
LIBÂNEO, José Carlos. PROFISSÃO PROFESSOR OU ADEUS PROFESSOR, ADEUS PROFESSORA? Exigências educacionais contemporâneas e novas atitudes docentes. Didática, Editora Alternativa, p. 3-51, 1998.
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