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Como inibir o racismo educacional no Brasil




A educação é uma forma de arte, arte essa que possui o poder de libertação, emancipação e transformação. Com isso sabemos que o Brasil ainda é um país que possui uma educação muitas vezes apenas padronizadora, uma educação que pode não ser muito inclusiva e representativa, deixando assim de ser uma educação transformadora e libertadora. Para que o ato de educar seja rico é necessário sentir e entender, sentir o outro, aprender sobre e com o outro, ter essa troca de experiências é fundamental. O ser aprende a partir de experiências empíricas como podemos entender a partir do pensamento de Leopold Senghor “eu só aprendo quando eu percebo, quando eu sinto , eu penso o outro, eu sinto o outro, eu sou o outro


A partir desta reflexão pensemos sobre a representatividade dentro do ambiente escolar. Ao aprender e ensinar sobre história habitualmente nos deparamos com a história do colonizador, sobre quem “descobriu o Brasil” e não sobre que já vivia no país, aprendemos sobre o catolicismo e não sobre as religiões de matriz africana. Em um país majoritariamente negro e miscigenado o ensino só sobre o homem branco salvador se torna contraditório e não abrangente a grande parcela brasileira.


Como aprender com o outro quando possuímos uma imagem estereotipada sobre o mesmo e não o entendemos? A partir do texto de Edward Said, Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente, entendemos muito sobre como essa divisão entre o oriente e o ocidente é forte e antiga. Aprendemos a partir do olhar do colonizador, logo quando tratamos de oriente atribuímos coisas negativas a eles e um olhar extremamente estereotipado, enquanto que ao ocidente é atribuído todo o lado positivo, o olhar do colonizador como o salvador e do povo colonizado que necessita de salvação.


Com o sistema educacional onde o foco nunca é o povo e sim priorizar e manter o olhar europeu o imaginário coletivo se mantém de certa forma congelado e estagnado, os estereótipos se mantém implantados e presentes até hoje, sendo mantido dessa forma o instaurado o racismo estrutural. Segundo o texto Educação em Revista (2010, p. 33) “a educação das relações étnico-raciais impõe aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos, quebra de desconfianças, projeto conjunto para a construção de uma sociedade justa, igual, equânime” (apud BRASIL Parecer do CNE, 2004a, p. 6).


Dito isso, é de extrema importância buscarmos formas diferentes e abrangentes de educar, de ensinar. Ao mostrar a história de países africanos, ao contar e ensinar sobre diversas religiões, ao dar espaço e foco a história do colonizado, ao aprender sobre diferentes costumes e diferentes formas de viver estaremos construindo e mostrando aos educandos que o mundo é extremamente diverso e plural, ensinar que não existe apenas uma história e apenas um ponto de vista é a melhor forma de se romper com a padronização do ensino, tornando o assim, inclusivo, transformador e um ato de fato artístico.Então assim estaremos ensinando e combatendo o racismo dentro da sala de aula no Brasil.


“Numa leitura atenta das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana e do parecer 03 do Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação, de

10 de março de 2004, identificamos que, entre os objetivos, estão a garantia do igual

direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira e a afirmação de que

os conteúdos propostos devem conduzir à reeducação das relações étnico-raciais por

meio da valorização da história e da cultura dos afrobrasileiros e dos africanos.” p.Educação em Revista | Belo Horizonte | v.26 | n.01 | p.15-40 | abr. 2010 .






  • O grupo de pesquisa Laroyê publica textos selecionados, oriundos dos trabalhos das disciplinas ministradas pela Profa. Ellen Souza, na UNIFESP, com a autorização dos discentes. Outras publicações possíveis são as dos membros do Grupo de Pesquisa Laroyê e/ou parceiros. Assim sendo, no momento, o blog/site não está aberto para publicações outras, devido à estrutura atual.





Referências

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

SAID, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

OLIVEIRA. Luiz .F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil.Educação em revista, 2010.

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